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De que forma a gramática está a serviço dos poetas? Na Jornada, você saberá

A abertura oficial da 3ª. Edição da Jornada Literária do Distrito Federal (evento feito com verba do Fundo de Apoio à Cultura, FAC-DF e cor-realizado pelo Sesc) será na 3ª. Feira, dia 14 de agosto, mas na verdade o evento começa na semana anterior e com uma programação bem relevante, principalmente para os professores. Na 4ª, dia 8, os professores Eloísa Pilati e Alexandre Pilati, da UnB, estarão aplicando a oficina Poemática – Poesia e gramática em sala de aula. Será na Biblioteca Pública de Ceilândia, entre 9h e 11h. Para participar, o professor deve enviar um e-mail para jornadaliterariadf@gmail.com


Eloísa Pilati: literatura, gramática e produção textual juntas em sala


Segundo Eloísa Pilati, na oficina são lidos, interpretados e analisados poemas da literatura brasileira, buscando identificar de que forma os recursos linguísticos, principalmente de natureza sintática, são usados esteticamente pelos poetas. “A língua é a matéria do artista literário, esse é o nosso ponto de partida. A teoria gramatical da qual partimos concebe as línguas como frutos de uma capacidade inata compartilhada por todos os seres humanos. É por causa dessa capacidade que crianças aprendem a falar tão cedo, ou a se expressar linguisticamente, tendo como input a simples exposição aos dados linguísticos do meio em que vivem. Para nós, essa capacidade, essa “Faculdade da Linguagem”, guia os seres humanos desde a mais tenra idade no processo de identificação e aquisição das características da língua de sua comunidade”, elucida a doutora em linguística pela UnB.


Professores podem se inscrever pelo e-mail jornadaliterariadf@gmail.com

De acordo com ela, são dois os objetivos desse encontro de duas horas com os professores. O primeiro é mostrar como a gramática da língua portuguesa foi usada para atingir os efeitos expressivos dos poemas. “Exploramos a relação entre forma e significado, buscamos evidenciar para os professores de que forma eles podem explorar poemas sob esse enfoque (estético e sintático), a fim de incentivar uma leitura mais rica do poema na sala de aula”, explica Eloísa, acrescentando que com isso há também a intenção de fazer com que os alunos “possam explorar na leitura a criatividade dos autores e assim se sentirem motivados a se expressar poeticamente”.


O segundo objetivo é desfazer a ideia de que a produção literária depende muito mais de inspiração do que de técnica, além de mostrar aos professores que literatura, gramática e produção de textos podem ser abordadas conjuntamente em sala de aula. “Nas escolas em geral, a tendência é trabalhar as disciplinas de Língua Portuguesa de forma muito fragmentada. Como a leitura do texto literário exige a integração de diferentes habilidades competências e conhecimentos, acreditamos que o trabalho em conjunto possa trazer uma leitura mais completa e dar sentido para o ensino de língua na escola”, explica.


No elenco de poetas lidos na oficina estão João Cabral de Melo Neto, Orides Fontela, Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gular, “mas a escolha dos poemas depende muito da situação, do público e do tempo da oficina. Às vezes trabalhamos com textos em prosa e Guimarães Rosa é sempre um dos destaques”, lembra Eloísa Pilati.


Ferreira Gullar é um dos poetas lidos na oficina

Ela adianta que a oficina terá três momentos diferentes, sendo que no primeiro deles os professores participantes vão interpretar os poemas. “No segundo momento, fazemos a apresentação da metodologia, apresentando nossa forma de ver e analisar os textos, integrando o ponto vista da teoria literária com o da teoria gramatical. No terceiro momento, fazemos um debate sobre as diferentes leituras feitas”, completa Eloísa.

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