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Entrevista: professora conta como é ser e trabalhar em sala como mediadora de leitura

Entre as atividades da Jornada Literária do Distrito Federal, evento que este ano é realizado com termo de fomento firmado com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, as oficinas de formação de mediadores de leitura são algumas das mais importantes.

O mediador de leitura é alguém que, em linhas gerais, promove um encontro mais amigável entre o livro e o leitor, de acordo com definição dos organizadores da JL.


A professora Ana Lívia Alves de Pinho, que ensina português no Centro de Ensino Fundamental 9, em Sobradinho, participou de uma dessas oficinas e disse que depois disso se tornou “muito mais atenta a tudo que se passa em relação aos livros”. Nessa pequena entrevista, ela conta como passou a trabalhar com seus alunos depois que se tornou mediadora.


Qualquer pessoa da comunidade escolar pode ser mediadora de leitura (Foto Cícero Bezerra)

JL – Qual a importância do mediador de leitura?

Ana LíviaEle (mediador) tem que ter algum tipo de sensibilidade para que o aluno seja tocado. Porque se é para ler por ler, não vai adiantar a mediação. Tem que fazer com que o aluno manuseie (o livro), tem que pedir que os pais também participem disso em algum momento no final de semana, contar histórias, mesmo não lendo, criar histórias...foi assim que eu fiz com meus filhos: eu criava histórias, e eles começam a contar histórias uns para os outros.


JL – O que mais você usa em seu trabalho de mediadora de leitura?

Ana Lívia - Nós não utilizamos o livro de imediato. Primeiro há uma pesquisa. Eles vão para casa depois que a professora coloca o tema e eles vão para a casa fazer uma pesquisa (sobre o que encontrarão no livro). A pesquisa inicial é muito importante. Depois o manuseio, depois o reconto da história, identificar os personagens, as características, o espaço onde ocorreu (a história), utilizar informações para que ele (aluno) estruture a ideia e possa ler o livro, e qualquer outro, com mais vontade, com mais curiosidade.


JL – É fundamental para o interesse o livro traduzir a realidade do aluno?

Ana LíviaSim, porque ele se sente pertencente à história. Nesse momento da vida deles (no caso dos alunos de Ana Lívia, a pré-adolescência), quando ele lê alguma coisa que não o interessa, é muito mais complicado de se introduzir esse gosto por ler. Mas se tiver no ambiente favorável a eles, na ideia deles, em algo que eles possam mesmo fazer parte, que eles tenham opinião sobre o assunto que está no livro, eles embalam. Agora, se não tiver eles já começam a se desinteressar pelo assunto.


Para Ana Lívia, aluno precisa ser 'tocado' pelo mediador

JL – Isso pode fazer repensar a tradição de se dar para alunos de 14, 15 anos autores clássicos, como Machado de Assis?

Ana LíviaEu acho que deveria ser feito os dois (dar os clássicos e contemporâneos que falem do universo dos alunos). Porque um (os clássicos) é a estrutura para se fazer um bom texto, para se fazer uma boa leitura. O outro é o convívio deles. Então, um depende do outro. Eu acho que durante o ano letivo pode-se colocar uma vasta gama de assuntos e livros. Então eu acho que o tradicional vai bem e o contemporâneo vai melhor ainda.


JL – A mediação de leitura a tornou uma leitora melhor, mais exigente?

Ana LíviaEu acho que sim, porque eu já fiz até curso de contadora de histórias, para fazer com que eles fiquem atentos à ‘contação’, para que eu pudesse passar tudo que é de mais importante no livro. Quando há feiras de livros, eu vou com intuito de comprar os clássicos, porque é necessário, e o intuito de comprar o novo, porque é atrativo. O novo com uma capa diferente, com ilustrações legais, e o tradicional porque os alunos precisam do tradicional, porque eles precisam da ideia, das regras. Então, depois disso (da oficina de mediação) eu fiquei muito mais atenta a tudo que se passa em relação aos livros.


Mediação ajuda a conquistar pequenos leitores (Foto Cícero Bezerra)

1 comentário

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João Vieira
João Vieira
Sep 04, 2019

Como faço pra participar, tenho feito trabalhos voluntários, como contador de histórias, no Gama, Santa Maria

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