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Jornada Literária: quatro anos ensinando a gostar dos livros

Atualizado: 21 de ago. de 2019

Consolidar na agenda das cidades um evento que reúne cultura e educação não é tarefa fácil. Pois a Jornada Literária do Distrito Federal chega ao quarto ano marcando presença em teatros, auditórios e nas escolas públicas do Distrito Federal e aumentando o raio de ação: este ano quatro cidades receberão a Jornada e a Jornadinha (versão para crianças pequenas, que será em São Sebastião), duas a mais do que no ano passado. Crianças, adolescentes e adultos de 80 escolas públicas vão conversar com escritores e ilustradores, assistir a espetáculos de literatura, e ouvir muitas, mas muitas histórias; e durante 15 dias, entre agosto e outubro, mergulhar no fantástico universo dos livros e da leitura.


Na próxima 2ª feira, dia 20, a Jornada Literária reinicia, por Sobradinho (Teatro de Sobradinho), a missão de formar, em 2019, leitores na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. “Esse é um caminho que se faz, fazendo”, explica, brincando, João Bosco Bezerra Bomfim, poeta e formador de mediadores de leitura. Cauteloso, ele diz que a Jornada ainda está se consolidando. “Distintamente de um festival ou feira com intuitos comerciais, que em determinado momento se tornam sustentáveis por intermédio de comercialização ou venda de ingressos ou aluguel de espaços, a Jornada Literária é um programa que só faz sentido se feito de maneira pública, com acesso gratuito das pessoas aos livros, aos espetáculos de literatura, às conferências, palestras e encontros com os autores”, elucida Bosco, destacando o apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal ao evento.


Jornada Literária: há quatro despertando amor pelos livros

A Jornada Literária atua em dois importantes eixos para a formação de leitores. Um deles é a aproximação dos autores (escritores e ilustradores) com os alunos e professores por intermédio das conversas em sala de aula, tendo como grande diferencial a leitura, pela turma, de algum dos livros dos autores que estarão com as crianças e adolescentes. Outro eixo é a transformação de pessoas da comunidade escolar – não apenas professores - em agentes de leitura, ingrediente fundamental na grande magia que é conquistar alguém para o mundo fantástico dos livros (leia em https://bit.ly/33yFxrU) .


Claro que não há como dizer quantos leitores a Jornada já formou desde 2016, primeiro ano do programa. A avaliação, aqui, é mais qualitativa, pelo entusiasmo de quem participa. “Este ano, voltamos a ter edições em Sobradinho, Ceilândia e Gama. Professores e mediadores de leitura dessas cidades nos procuraram para saber se voltaríamos a ter edições da jornada literária. Muitos deles se despediram de nós em 2017 e 2018 dizendo assim: ‘Até o ano que vem!’” , lembra Bosco. “Em 2017, o CED 8, do Gama, esteve conversando com Ana Miranda e recriando com ela as histórias de Gregório de Matos; quando foi em 2018, em Ceilândia, ao saberem da Jornada no Sesc Newton Rossi, pediram para vir, assistiram à Cristiane Sobral, subiram no palco, fizeram versos e improvisações. Para nós, esse é um sinal de que estamos num bom caminho”, aponta um dos criadores do programa. Em quatro anos, a Jornada Literária beneficiou 60 mil pessoas. Em 2019 a perspectiva é de que chegue a cerca de 34 mil alunos, professores, pais e comunidade em geral de 80 escolas públicas. “Se eu falar pra 200 e um virar leitor, já está valendo, porque esse um dará mais um leitor; e esse outro um, mais um, e daí diante...”, explica Ignácio de Loyola Brandão, que, ao lado de Ana Miranda e Marina Colasanti, é um dos convidados mais conhecidos do público em geral.


Bosco: “Esse é um caminho que se faz, fazendo”

Estreantes – O autor de Não Verás Pais Nenhum, um dos livros mais importantes do Brasil no século 20 – e tão atual nos dias de hoje – virá pela 1ª vez à Jornada Literária do DF. Ele conta que uma vez foi falar para alunos de uma escola em Ocara, no Ceará, que jamais haviam visto um escritor de perto. “Quando eu terminei de falar, os alunos ficaram mudos, até que a professora disse que eles poderiam fazer perguntas. Passei uma hora e meia respondendo perguntas. É isso que quero ver aí em Brasília”, avisa Ignácio.


Loyola: 1ª vez na JL. Foto Revista Veja

Outros três estreantes na Jornada Literária são Marina Colasanti, Cláudio Fragata e Roger Mello, este último nascido em Brasília. Consagrado no mundo da literatura infantojuvenil (tem dez Prêmios Jabuti na carreira; e um Hans Christian Andersen, o maior da área, no mundo), Roger Mello mora no Rio, mas garante que sua “maneira de ver as artes e a literatura é fruto de como Brasília foi feita”, referindo-se ao modo como os criadores da cidade valorizaram o humano na criação da capital, dando como exemplo os jardins de Burle Marx. “Tudo isso ficou impresso na minha maneira de ocupar o espaço gráfico do livro”, resume Roger. Ele diz que gosta de perguntas práticas – “Uma vez um menino me perguntou como é que se desenha um camelo de lado” – pessoais e até desconcertantes. “Se eu tivesse tido oportunidade de perguntar alguma coisa ao Caymmi (Dorival), que eu adoro, perguntaria algo pessoal e até desconcertante”, conta, divertido, o que espera dos alunos na Jornada.


Roger: 10 Jabutis e Brasília como inspiração

Já sabendo do sucesso do evento nos anos anteriores, Cláudio Fragata também aguarda com expectativa a hora de ficar cara a cara com os leitores. “É uma das poucas oportunidades que temos de olhar olhos nos olhos de nosso leitor. É uma troca, saímos todos engrandecidos. Histórias podem sair desses encontros. São sempre momentos que estimulam nossa imaginação”, resume Fragata.


Assim como a Jornada volta a acontecer em Ceilândia, Sobradinho e Gama, diversos autores também estarão de novo conversando com leitores nas escolas. Alessandra Roscoe, Ivan Zigg, Marco Miranda e Tino Freitas são quatro deles (Confira abaixo o calendário e a lista dos participantes). Para Roscoe “Ninguém quer formar leitor para responder prova. Pra preencher ficha literária. Aqui a gente percebe um olhar apaixonado”, e Ivan Zigg acredita que “a Jornada faz uma ponte para se abrir a literatura a ângulos novos de uma mesma leitura”.


Cláudio Fragata é outro que virá pela 1ª vez

As edições da Jornada Literária do DF de Sobradinho, Ceilândia e São Sebastião – e também a Jornadinha Literária – são realizadas com recursos de um Termo de Fomento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF; e a edição da Jornada Literária do DF, São Sebastião, é feita com recursos da Secretaria Especial de Cultura, do Ministério da Cidadania.


Jornada Literária do DF 2019

Sobradinho

20 a 23 de agosto

Teatro de Sobradinho


Ceilândia

10 a 13 de setembro

Teatro SESC Newton Rossi


São Sebastião (Jornada e Jornadinha)

23 a 27 de setembro

IFB Campus São Sebastião


Gama

28 a 31 de outubro

Teatro SESC Paulo Gracindo

Autores

Alessandra Roscoe

Alexandre Camanho

Ana Miranda

Blandina Franco

Caio Riter

Carlos Lollo

Chico de Assis e João Santana – (Dupla de Repentistas)

Cristiane Sobral Eloisa Pilati

Geraldo Lima

Ignácio de Loyola Brandão

Ivan Zigg

Jeferson Assumção

João Bosco Bezerra Bonfim

José Almeida Júnior

Leo Cunha

Márcia Leite

Marco Miranda

Margarida Patriota

Marilia Pirillo

Marina Colasanti

Marco Miranda

Nanda Fer Pimenta

Renato Moriconi

Roger Mello

Romont Willy

Rosana Rios

S Lobo

Tino Freitas

Vinicius Borba



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