O poeta e professor Alexandre Pilati terá participação maciça e diversificada na 3ªedição da Jornada Literária do Distrito Federal. Juntamente com a esposa Eloísa, ele dará oficina para professores no dia 8 de agosto – antes mesmo dos encontros entre autores e estudantes – na Biblioteca Pública de Ceilândia. Depois, já no dia 14, abertura da Jornada, Pilati faz palestra sobre sua grande especialidade: Carlos Drummond de Andrade, também na Biblioteca da cidade. Por fim, no dia 15, estará em uma roda de poesia no Sesc Ceilândia (Confira a programação da Jornada).
Esta é a segunda participação de Alexandre Pilati na Jornada, evento promovido com recursos do Fundo de Apoio à Cultura, FAC, e cor-realizado pelo SESC-DF. Em 2017, ele disse que gostaria de ser bombardeado pelos alunos e esperava que a plateia o surpreendesse. Pelo jeito, não se decepcionou. “Em geral, quando os estudantes são bem preparados para a leitura e o debate, os encontros com os escritores são riquíssimos para ambas as partes, porque se desperta o interesse genuíno pela obra e pela figura profissional do autor. Na jornada literária é sempre assim: percebo um interesse vivo dos alunos nas coisas que apresentamos em relação à nossa batalha na literatura”, considera Pìlati.
O autor lançou em 2017 o livro de poemas Autofonia, pela editora Penalux, mas este ano o tema de seu encontro com alunos na roda de poesia é outro livro seu, bem mais antigo. “A ideia é recuperar o meu primeiro livrinho de poemas, o sqs 120m2 com dce, de 2004. Ao longo do tempo tem crescido o interesse dos alunos adolescentes por ele. Acho que eles se identificam um pouco com os sentimentos e com o mundo meio triste e irônico que é apresentado ali”, resume Pilati. Segundo ele, seu primeiro livro continua atual “porque o mundo e a sociedade brasileira tiveram o dom nesses 14 anos passados de se tornarem bastante estranhos, mais ou menos com é a concepção de vida social apresentada nos poemas do livro”, sintetiza.
Intelectual, professor da UnB, Alelxandre Pilati enxerga no espírito da Jornada Literária, que é o de pôr autores em contato com a escola pública, um grande exemplo para a academia. “Eu sempre digo que ou a academia vai à rua, vai à sociedade ou ela desaparece em termos de relevância social, política e até científica e cultural. A cultura que a Universidade produz, que é fundamental para o progresso do país, só funciona como alimento do progresso se estiver conectada à sociedade. No caso da literatura, do ensino da leitura, só se pode fazer isso confrontando-se com o leitor real, que é esse com que nos encontramos na bela iniciativa das Jornadas Literárias”, explica o doutor em literatura.
Juntamente com André Giusti, outro participante da Jornada, Alexandre Pilati está à frente de projetos literários, como o Literatura Face a Face, que ocorre uma vez por mês no Sebinho (406 norte) e recebe autores que moram na capital do país. Isso também lhe dá uma boa dimensão do que está sendo escrito em Brasília. “Da minha perspectiva, a literatura do DF passou por um processo de amadurecimento nos últimos vinte anos. E acho que a principal característica desse processo é a diversidade, ou a pluralidade, de expressões literárias”. Para ele, esse processo produziu um resultado muito importante: a literatura de Brasília se ‘desprovincianizou’ bastante. “As obras - veja bem as obras em sua forma, seus temas, suas concepções estéticas - se apresentam cada vez mais sem o rótulo ‘de Brasília’, embora carreguem profundamente a experiência da cidade. Isso eu acho que é um amadurecimento e tanto e daqui, por consequência, tem saído cada vez mais literatura de grande expressão nacional”, finaliza o poeta.
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