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Literatura infantojuvenil: a imagem como ponte para o sonho e aventura

Literatura infantil: a imagem como ponte para o sonho



Pode parecer óbvio perguntar qual a importância da ilustração para os livros infantis. Cada um de nós deverá ter uma resposta, com base em nossa experiência de leitores desde a infância; ou de pais, professores e responsáveis pelos atuais pequenos leitores. Mas, para nos certificarmos do peso que o bom casamento entre palavras e ilustrações dá a uma obra infantil, nada melhor do que a visão de quem faz os dois: escreve e desenha.


Para o escritor Tino Freitas, que é também pesquisador da arte de álbuns ilustrados, a imagem é elemento primordial da literatura infantil. Segundo ele, que participará da Jornada Literária, “pode-se, inclusive, ter um livro sem palavras em que a narrativa acontece ‘apenas’ com as ilustrações”. Esse é o caso de Faz de conta (Sesi-SP Editora, 2015), cujo “roteiro” é de Tino Freitas, com imagens de Rommont Willy; ou de Uniforme (Edições de Janeiro, 2015), feito em coautoria com Renato Moriconi.


Outro participante da Jornada, o também escritor e ilustrador Ivan Zigg, constrói uma imagem bonita para definir o significado da ilustração no livro infantil. “A imagem é a ponte para o sonho”, acredita o autor de ilustrações de livros como O Menino que Chovia (Companhia das Letrinhas, 2002), juntamente com Cláudio Thebas. Na opinião de Zigg, o livro infantil depende da ilustração para torná-lo “um potente e avançado veículo de arte popular onde ilustração, texto e projeto gráfico são coautores”. Sobre o projeto gráfico, Tino Freitas acrescenta que esse aspecto vem ganhando mais importância a cada ano. “Ele pode dar ainda mais significado à história de acordo com o formato do livro” explica Tino.

Tendo, então, a ilustração tanta importância no mundo mágico dos livros infantis, qual deve ser a característica principal dos talentos que encantam com seus traços os olhos de nossas crianças? Tino Freitas e Ivan Zigg possuem visões que se complementam. Para Tino, um bom ilustrador precisa ter as mesmas qualidades de bom escritor. “Saber contar uma história sem menosprezar a inteligência do leitor, independente da técnica escolhida”, acredita. Zigg também é bastante enfático. Para ele, o ilustrador precisa experimentar. “Não há nada como correr o risco de errar”, ele deixa claro.


Tino Freitas, que tanto escreve quanto ilustra (Bichano, de 2012, selecionado para o Programa Nacional Alfabetização na Idade Certa e que teve cerca de 100 mil exemplares distribuídos para escolas públicas de todo o Brasil é um exemplo), ressalta a importância da ilustração no livro infantil lembrando que uma obra do gênero pode até mesmo existir sem texto. Como exemplo, cita uma história curiosa. “O ilustrador Salmo Dansa estava com as ilustrações originais que havia feito para um livro que havia sido cancelado (desenhos que ele havia feito para um texto que não seria mais publicado) e mostrou ao escritor Leo Cunha. Diante da beleza dos originais, Leo escreveu um novo texto que se encaixou perfeitamente nas ilustrações”, conta Tino.


Outro participante da Jornada que tanto ilustra quanto escreve livros infantis é Renato Moriconi. O autor de livros como a Invasão dos Erros de Português (Editora Scipione), uma parceria com Willian Tucci, Moriconi faz uma analogia muito interessante para explicar a diferença entre escrever e desenhar para crianças. Ele conta de um vídeo a que assistiu em que o poeta Jorge Letria jogava futebol com crianças em uma escola. “Ele, grande, jogava muito sério, com afinco, contra um grupo de pequena estatura. Tinha gana. Fazia de tudo para ganhar. Só não dava carrinho. As crianças viam essa seriedade do Jorge e pareciam gostar. Pra mim esta é a diferença: a criança merece nosso melhor. Nossa seriedade. Mas sem carrinho”, brinca Moriconi.


Dono de um traço que diverte não apena os pequenos, mas também os adultos, curiosamente Ivan Zigg não acha o humor fundamental na literatura infantil. “Sou fã de alguns ilustradores que compensam sua sisudez com um lirismo irresistível. Mas lembremos que o significado de humor é amplo. Se dificilmente um autor-ilustrador infantil tratará o tema ‘a morte’ em tom de comédia-bufa, por outro lado ele sabe que o bom-humor é vizinho da poesia. E o que, nessa vida, incluindo a morte, não ganha mais luz com um pequeno sorriso lá pelas tantas?”, indaga Zigg, nos sugerindo uma reflexão.


Confira na programação os locais, horários e atividades das quais Tino Freitas, Ivan Zigg e Reanto Moriconi participarão da Jornada Literária. A julgar pelo aperitivo dessa pequena reportagem. Vai valer muito a pena assistir às participações dos três.

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