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Memória e Afeto da Vila Paranoá: resistência e pertencimento em exposição no Iphan

  • Foto do escritor: Jornada Literária
    Jornada Literária
  • 23 de set.
  • 4 min de leitura

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Entre os dias 6 e 28 de outubro, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília, abre as portas para a exposição Memória e afeto da Vila Paranoá. A mostra mergulha na história de um dos mais antigos assentamentos do Distrito Federal, reunindo fotografias, depoimentos de moradores e documentos inéditos que registram a formação da comunidade e seu papel na construção da identidade da capital.


Promovida pela Associação Cultural Jornada Literária do DF, a exposição convida o público a percorrer lembranças coletivas e a refletir sobre os laços de pertencimento que unem gerações. A abertura será no dia 6 de outubro, às 14h30; e a visitação poderá ser feita de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, na sede do Iphan em Brasília, até o dia 28 de outubro.


Fundada em 1957, a Vila Paranoá abrigou por mais de três décadas pedreiros, carpinteiros, empregadas domésticas, vigilantes e tantas outras famílias que ergueram Brasília enquanto travavam sua própria batalha pelo direito à moradia. Em 1989, a comunidade foi removida, mas deixou marcas profundas na memória afetiva e social do Distrito Federal.


A exposição revela, por meio de imagens e relatos, como a vida cotidiana pulsava naquela vila que ousava existir à margem da “Brasília oficial”. Situada entre o Lago Sul e o Lago Norte, a comunidade resistia à tentativa de apagamento, denunciando a lógica elitista do Plano Piloto e afirmando sua presença com trabalho, cultura e laços de solidariedade.


Memória como resistência

A exposição parte da ideia de que “memória não é apenas registro, é afeto e resistência”. Ao longo do percurso, o público encontrará retratos de antigas moradoras, trechos do livro Memória e afeto da Vila Paranoá, documentos de arquivo e reportagens da imprensa que, juntos, revelam diferentes camadas da vida na comunidade.


O acervo apresenta também registros do próprio processo de criação do projeto, fruto de oficinas, rodas de conversa e visitas ao território, momentos em que moradores abriram suas memórias e compartilharam objetos de família. Ao destacar esse percurso, a mostra evidencia o papel essencial do Arquivo Público do DF e a urgência da preservação documental como condição para compreender a história da capital.


Entre os destaques estão as fotografias inéditas de Cláudio Acioly Jr., arquiteto e fotógrafo, que capturou com sensibilidade as casas de madeira, as ruas de terra e, sobretudo, a resistência cotidiana dos moradores da Vila Paranoá. Para situar a intensidade dessa luta, ainda em plena ditadura, a exposição traz uma seleção das mais de 250 reportagens publicadas entre 1980 e 1989, período em que a mobilização pela permanência da comunidade alcançou seu auge.


Sob o conceito “da lembrança individual à memória coletiva”, a curadoria propõe um mergulho sensível na trajetória da Vila Paranoá. O destaque recai sobre a força das mulheres — especialmente mulheres negras e idosas — que se afirmam como guardiãs da memória e da identidade de um território tantas vezes ameaçado pelo esquecimento.


Núcleos da exposição


A exposição se organiza em três núcleos temáticos, cada um com uma forma própria de narrar a memória da Vila Paranoá:

Núcleo Projeto – apresenta registros visuais das ações realizadas ao longo do processo: oficinas, rodas de conversa, encontros com as moradoras e apresentações culturais que animaram o território. Todo o material será disposto em grandes painéis, impressos em lona, permitindo ao visitante acompanhar o percurso de construção coletiva da mostra.


Núcleo Histórico – reúne imagens de arquivo e fotografias históricas que dialogam entre si para contextualizar o passado da antiga vila e sua transformação ao longo das décadas. A curadoria é assinada por Cléber Cardoso Xavier, coordenador técnico do projeto, em parceria com o artista plástico Paulo Faria e o escritor João Bosco Bezerra Bonfim, que costuram memória, arte e narrativa literária.


Núcleo Retratos – conduzido pelo fotógrafo Cícero Bezerra, apresenta imagens de cerca de trinta participantes do projeto. Mais do que simples registros, os retratos revelam a presença singular de cada pessoa e a força de sua trajetória, ao mesmo tempo em que inscrevem essas existências no espaço coletivo da memória. Inspirada nas reflexões de Nelson Brissac Peixoto, a proposta entende o retrato não como uma reprodução literal da aparência, mas como um gesto de inscrição no tempo: um encontro entre quem olha e quem é olhado, onde emergem marcas, histórias e afetos que resistem ao esquecimento.


Serviço

Exposição: Memória e Afeto da Vila Paranoá

Abertura: 06 de outubro de 2025, às 14h30

Visitação: De 06 a 28 de outubro de 2025 (segunda a sexta, das 9h às 17h)

Local: Espaço de exposição do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)

Endereço: SEPS 702/902, Bloco B, Centro Empresarial Brasília 50, Torre Iphan – Brasília-DF – CEP 70390-025


O projeto Memória e Afeto da Vila Paranoá conquistou o segundo lugar entre dezenas de iniciativas aprovadas no primeiro edital nacional do Iphan voltado à educação patrimonial (2023), reconhecimento que reforça sua relevância cultural. A realização é da Associação Cultural Jornada Literária do DF (ACJLDF), organização da sociedade civil que atua há anos na promoção da literatura, da socioeducação e da educação patrimonial. Ao articular memória comunitária, práticas culturais e preservação documental, a ACJLDF consolida sua vocação de valorizar histórias locais e ampliar o acesso de diferentes públicos à cultura. Com este projeto, a entidade reafirma o compromisso de dar visibilidade a territórios muitas vezes silenciados, destacando o papel da leitura, da oralidade e da participação popular na construção de identidades coletivas.


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